Odisséia
Vivo em circunviagem.
Ulisses sem Ítaca, tenho saudade
de quem me espera.
Tantas voltas dou, Penélope tecendo,
faço meu caminho em mares profundos.
Um porto de vez em quando me faz companhia.
A cada gesto de partida,
mais perto fico da chegada.
Nas tormentas, procuro o desconhecido
no espaço cíclico.
Viajo sem regresso previsto.
Peregrino sem âncora ou bússola.
Nas travessias cruéis,
entre Cila, Caribde e Ciclopes,
enfrento naufrágios, armadilhas
e expectativas.
Encantam-me Circes, olhares e palavras.
Retorno pela memória.
Navego pelo visto, ouvido e amado.
Só assim me livro do exílio.
Encontro-me esperando por mim
no meio de tantos sonhos tecidos
enquanto eu crescia.
Solange Firmino
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