domingo, abril 02, 2006

Páscoa


Marcamos o ritmo dos dias pelas horas, datas e celebrações. Damos sentido e significados aos fatos para serem lembrados e, principalmente, comemorados. A Igreja tem definido muitas dessas celebrações, como a Semana Santa, mas não conheço ninguém, inclusive eu, que vá celebrá-la na Igreja. Espero mesmo ficar em casa pelo menos dois dias a mais com o feriadão do funcionalismo público.

No sentido da Páscoa não falamos, mas esperamos muito pelo chocolate, bacalhau e feriadão. Aliás, a cada ano como menos chocolate, a não ser que eu mesma compre. Há alguns anos, eu saía das escolas onde trabalhava com bolsas de presentinhos doces recebidos dos alunos. No último ano nem lembro se ganhei uma bala.

Não sei quem compra tantos produtos anunciados, afinal os comerciantes vivem se gabando do lucro das vendas e que a cada ano aumentam seus estoques de ovos e barras de chocolate, mas não recebo - nem compro - quase nada disso.

Não sei do preço do bacalhau, mas dizem que custa caro. Não compro porque não sei fazer nem quero aprender. Quem sabe um dia aproveite os pacotes de feriadão e vá comer direto na Noruega, onde deve ser mais gostoso e tem a fabulosa vista dos fiordes.

Se no último Natal comi pizza, na Páscoa devo comer lasanha.
Sei que não contribuo em nada para que as festividades tenham seus símbolos reavivados. E não posso culpar as religiões, pois não sei se elas têm cuidado disso com os fiéis.
Acho que salvam o feriadão da Igreja as montagens que contam a Paixão de Jesus Cristo. Claro que elas devem chamar a atenção porque são feitas por artistas famosos.

O calendário desse ano está cheio de feriados e feriadões. Até circula na internet um resumo dos enforcamentos (Tiradentes é depois da Páscoa, mas falo do outro tipo de enforcamento) que nos aguarda, inclusive com os feriados que não se juntam todos os anos, como o da Copa do Mundo e das Eleições. E em nenhum deles, principalmente os religiosos, os significados originais são lembrados e exaltados pela maioria da população.

Em tempo: Páscoa, para os cristãos, é a lembrança da ressurreição de Jesus Cristo, da sua passagem da morte para a vida. Para os judeus, a pessach, passagem, representa o êxodo dos hebreus do Egito, onde eram escravizados.

E parece que essa história de coelhinho da páscoa nada tem a ver com as histórias religiosas, mas foi um símbolo inventado por causa da fertilidade dos coelhos. Mas eles não colocam ovos, tadinhos.
Falando em ovo, meu preferido é o prestígio. Se for em barra, caju com passas.
E bom feriado.

Solange Firmino

Publicada em Blocos online e Caros Amigos.

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